FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

sábado, 6 de agosto de 2011

Mogianos perde Liselote Castiglioni

Aos 71 anos, vítima de uma insuficiência respiratória aguda, morreu, na madrugada de ontem, a artista e professora Liselote. Ela estava se tratando de uma gripe, teve seu estado agravado na última quarta-feira e foi internada no Hospital Ipiranga, 1h30min de ontem, vindo a falecer 15 minutos depois, de pneumonia, segundo os familiares. Liselote será enterrada, hoje, no Cemitério de Lençóis Paulista - cidade onde nasceu.


O Velório Municipal de Mogi das Cruzes ficou lotado de amigos e admiradores dela, todos querendo se despedir. Muitos atores, cantores, poetas, alunos, ex-alunos, colegas de tempos atrás, conhecidos recentes, além da família, composta pelos filhos Adriano e Cristiane, pelo genro José Eduardo e a nora Rosana e pelos netos Ana, 10, e o pequeno Matheus, de um ano, acompanharam as inúmeras homenagens que a artista recebeu.

Henriette Fraissat, por exemplo, cantora mogiana, juntamente com outros presentes, usou da música para lembrar Liselote. Outros, muito consternados, contavam os momentos que viveram ao lado da artista.

"Conheço a Liselote há 13 anos, quando ela integrou o espetáculo "Olho no Brasil" , que tinha texto e direção meus. Depois, ela fez "Se Tivéssemos Tempo" no teatro e no cinema. Ultimamente, minha amiga era do Mágicos Intérpretes e Arte, Palco e Cia, um grupo de teatro da 3ª idade. A Liselote deixa um legado de alegria e entusiasmo. Ela era um exemplo para todos nós, sempre afinada, alegre, dava um jeito para tudo. Ela costurava os sonhos de muitos artistas mogianos. Vai fazer muita falta", lamentou o dramaturgo Nelson Albissú.

A produtora de rádio e televisão, Lucimara Parisi, que trabalhou com o Faustão durante muitos anos, acompanhou de perto o velório. "Elas são comadres", explicou o amigo de Liselote, João Carlos Carmo, 52 anos, que é vigilante patrimonial. Ele organizou, aliás, a viagem dos parentes e colegas da atriz para Lençóis Paulista, onde acontecerá o enterro. "Estamos lotando um ônibus", destacou.

Memórias

Liselote sempre foi parceira de O Diário. Sua última entrevista para o jornal, inclusive, foi publicada dia 26 de julho, em comemoração ao Dia dos Avós. Na ocasião, ela falou à reportagem sobre um almoço que ofereceria aos netos. "Dou muito valor à família. Estes almoços são sempre um encontro para conversarmos e estarmos unidos. Hoje, existem avós que não querem nem saber dos netos. Muitas famílias não se encontram, não conversam. Por isso, os pais tentam compensar dando coisas, o que não substitui amor e carinho", disse.

Há nove anos, ela participou da Entrevista de Domingo de O Diário, matéria que tinha a seguinte frase de Liselote, como seu abre: "Nada vale mais do que o amor. Só ele tem poder para consertar o mundo".

Nascida em Lençóis Paulista, ela veio para Mogi em 1972, quando o marido, Nilton, foi transferido para atuar como gerente da agência do Banespa da Cidade. Formada em Ciências Físicas e Naturais em Botucatu, Liselote fez Biologia na Universidade Braz Cubas (UBC) e Pedagogia em Suzano. Lecionou no Instituto de Educação Dr. Washington Luís, passando também pelas escolas Coronel Almeida, Presidente Vargas e Maria Rodrigues Gonçalves. Exerceu o magistério por 25 anos, até se aposentar, em 1984, quando ficou viúva.

Conheceu, então, o escultor Lúcio Bittencourt, tornou-se sua marchand e mulher durante 10 anos. Desde 1996, vivia com a filha, Cristiane. Às sextas-feiras, recebia em sua casa, localizada no começo da Rua Doutor Ricardo Vilela, muitas pessoas interessadas na cura com a imposição das mãos, técnica desenvolvida pelo agricultor Aray Harukishi. Ultimamente, dava um curso de filosofia pela Instituição Pró-Vida.




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