FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

De São José dos Campos, Milena Popovic



quarta-feira, 25 de novembro de 2009 | 17:41 Antonio,

Sou leitora fanática do seu blog. Vi o post intulado “8 em cada 10 franceses: ‘Não merecemos ir à Copa’” com a foto do quadro de Georges de La Tour e ele trouxe uma lembrança muito agradável, quando fiz esta foto no Louvre.

Isso foi na minha primeira viagem à Europa, aos 29 anos de idade (vá lá, não faz tanto tempo assim, estou com 30!). Depois de 4 anos de curso na Aliança Francesa aqui em São José dos Campos, resolvi passar 20 dias na França, com um intervalo de um final de semana em Londres para ir ver uma ópera (a “Flauta Mágica”, de Mozart). Eu sonhava com essa viagem (e com as idas ao Louvre) desde os 11 anos de idade.

Bom, era só isso que eu tinha a dizer! Obrigada pelo blog, sou fã de carteirinha dele!

Milena Popovic

Por Antonio Ribeiro

o McDonald"s entra no louvre


É a pá de cal ou o renascimento? Talvez ambos.

O McDonald’s não poderia comemorar melhor seus 30 anos de chegada à França. No mês que vem a rede de lanchonetes vai entrar no… Louvre. O templo do fast-food americano venderá o famoso Big Mac ao lado dos fossos medievais da fortaleza de Filipe Augusto (1165-1223), na galeria de lojas sofisticadas com acesso direto ao maior museu do mundo, o Carrossel du Louvre.

A França tem dois grandes símbolos culturais em que se apóia para, altiva e orgulhosa, mostrar sua diferença com outros paises: a alta cozinha e as belas artes. Para os nativos mais aguerridos, o McDonald’s só atentava contra o primeiro. “Agora, o grande atrativo do Louvre não será mais a Mona Lisa, mas os grandes arcos dourados”, ironiza um deles, referindo-se a letra M do logotipo da rede.

Quem vê de fora vândalos franceses - eles se proclamam turma da anti-globalização - quebrando lanchonetes da rede, acha que existe uma guerra entre o McDonald’s e a aldeia do Asterix. Tão falso como o mito da resistência francesa contra o invasor nazista. Na verdade trata-se de caso de amor. A França tornou-se o maior mercado da rede McDonald’s fora dos Estados Unidos. Só o ano passado, as lanchonetes dos “arcos dourados” na França receberam 450 milhões de consumidores, 11% a mais do que o ano anterior e inauguraram 30 novos pontos.

Detalhe edificante: não tem MacDonald’s no Museu Metropolitano de Arte, de Nova York. Em frente ao Met há um vendedor ambulante de delicioso hot dog, quase tão bom como o cachorro-quente do Geneal, na Cidade Maravilhosa e olímpica.


Por Antonio Ribeiro

Cultura & Arte em Debate/ É uma Cópia ou uma releitura?




Uma das pinturas mais conhecidas da arte brasileira, presença cativa nos livros escolares, é o Independência ou Morte, do pintor paraibano romântico Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905). O óleo sobre tela de 4,15 x 7,60 metros, pintado pelo antigo aluno da Escola de Belas-Artes de Paris, em 1888, em Florença, na Itália, pertence ao acervo do Museu da Cidade de São Paulo. Lá está como obra número um, espécie de Mona Lisa se considerado seu poder de atrair visitantes para o mesmo espaço. Por medida cautelar contra almas mais exigentes adianta-se que o magneto nacional é bem menos poderoso que a tela maioral do Louvre.

No entanto, poucos sabem que paira sobre o Independência, conhecido também por O Grito do Ipiranga, a dúvida do plágio. Ou se preferem, a eventual inspiração em uma aquarela feita treze anos antes. Trata-se do 1807, Friedland, de Jean-Louis Ernest Meissonier (1815-1891). A cena do pintor autodidata francês mostra Napoleão Bonaparte e seu estado-maior saudando o regimento dos curaceiros antes de encetarem ataque durante a Batalha de Friedland. Os soldados de cavalaria equipados com armadura foram peça capital nas vitórias do imperador de origem corsa rumo ao domínio do Velho Continente. Vale lembrar, derrotado no fim da carreira, Bonaparte deixou a França menor do que a encontrou, embora o grandeur não se meça em palmos de terra.

Meissonier era um meticuloso pintor de quadros de pequeno formato, repletos de detalhes. O 1807, Friedland foi o maior deles, mede 1,36 por 2,42 metros - um dos cinco episódios pictóricos imaginados pelo autor sobre a vida de Bonaparte. As fisionomias dos cavaleiros obedecem uniformidade que deixa a impressão de que o autor fez economia de recursos ou teve o propósito de criar um exército de clones montados. Sempre a mesma expressão, a do homem maduro, bochechas salientes, bigodes, nenhuma nobreza e até um certo traço de vulgaridade.

O quadro ganhou fama em 1876 quando foi comprado do artista pelo americano Alexander T. Stewart (1803- 1876). próspero dono de uma rede de lojas de departamento. Ele pagou 60.000 dólares, na época, a soma era astronômica para uma obra de arte. Detalhe: Stewart adquiriu a pintura sem vê-la, entusiasmou-se só pela descrição. Messionier, soldado durante o sitio de Paris, em 1870, escreveu a Stewart: “Eu não queria pintar uma batalha, mas Napoleão no zênite da glória. Pintei o amor, a adoração pelo grande capitão em quem os soldados tinham fé e por quem estavam dispostos a morrer.”

Depois da morte Alexander T. Stewart, a viúva Cornelia casou-se de novo. O novo marido passou o 1807 nos cobres, vendeu o quadro por 66.000 dólares ao juiz Henry Hilton. Em 1887, homenageando a memória do velho amigo Stewart, o juiz doou a obra ao Museu Metropolitano de Arte, de Nova York, onde está até hoje, na sala dedicada a pintura francesa do século XIX. O presidente do Met, John Taylor Johnston, escreveu comovido agradecimento: “… prova do espírito público dos nossos cidadãos para o Museu fazer valer a metrópole do nosso país.”

O óleo sobre tela Independência ou Morte foi subvencionado pelo Império. Gonzaga Duque sustenta no livro Mocidade Morta, um Pedro Américo protótipo de pintor oficial. Aquele sujeito com aptidões para promover a própria arte, servindo-se de modo desinibido das instituições públicas. Em 1858, Américo escreveu carta a Pedro II: “Agora pois que tenho os conhecimentos que para a Pintura poderia receber da dita Academia, para prosseguir na minha carreira indispensável é uma viagem à Europa, e como a Academia não me pode facultar os meios necessários para esta viagem, por ter ela preenchido o número de seus pensionistas, venho confiado na extrema bondade de Vossa Majestade Imperial solicitar a graça de me mandar particularmente acabar meus estudos na Europa.”

Por Antonio Ribeiro