FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

domingo, 22 de março de 2015

Mogianos pintam os 450 anos do Rio


Zeti Muniz, Maria José, Adelaide Swettler,José Batista e José Augusto fazem parte do Frontispício que vai expor no Rio de Janeiro / Foto: Eisner Soares


A partir do próximo dia 26, quando a Sociedade Brasileira de Belas Artes (SBBA) abrir os janelões e portas do Solar do Marquês do Lavradio, na Lapa, para mais uma das homenagens preparadas para a festa de um aniversário redondo do Rio de Janeiro, oito telas de quatro artistas irão representar Mogi das Cruzes na mostra ‘450 Anos de Encantos Mil’, entre os demais selecionados de outros estados brasileiros. 
Para os cerca de 100 fiéis e esporádicos integrantes do Frontispício das Artes, a participação do grupo formado por Zeti Muniz, Adelaide Swetller, J. Augusto e Cida Varella nesta exposição, cumpre uma rotina na vida do coletivo: sair da Cidade para ver seus temas, cores e traços expostos em alguns dos principais salões realizados em municípios onde o estímulo e a valorização das artes plásticas segue um ritmo almejado para a Cidade.
Em linhas gerais, Muniz afirma que “diferente do que acontece em Mogi”, onde a turma das artes plásticas conta os dias que faltam para chegar abril e, com ele, a inauguração de um espaço público próprio [o centro cultural em instalação no prédio da Vivo-Telefônica, localizado na Praça Monsenhor Nuno Roque Pinto, na vizinhança da Catedral de Santana], há muitas cidades - Piracicaba, Araraquara, São Sebastião, Ubatuba, Rio Claro, Paraty, e outras – com farta e qualificada agenda anual de exposições e prêmios que estimulam a criação e descoberta de novos talentos. 
A presença dos artistas mogianos, alguns com destaque em alguns dos mais importantes salões, e ganhadores de prêmios em dinheiro, com valores entre R$ 10 mil, R$ 15 mil, tem sido frequente. “Esse é um meio de divulgar as obras e também receber algum dinheiro com a venda de quadros, a um público interessado e conhecedor das artes plásticas”, acrescenta Muniz, esperançoso quanto aos resultados de um dos objetivos do Frontispício, que é justamente o de formar um público apreciador das artes plásticas. 
Nesse aspecto, a expectativa quanto ao fim das obras tocadas pela Secretaria Municipal de Cultura no prédio da Vivo-Telefônica, e à costura de outros projetos, como o que começa a ser alinhavado com a Associação Comercial de Mogi das Cruzes, para futuras parcerias, alimenta os sonhos de Zetti e Adelaíde Swetler, que representaram o quarteto que exporá no Rio de Janeiro em uma visita feita à redação de O Diário, para detalhar essa participação.
“Essa foi uma luta de cinco anos, que O Diário apoiou e acompanhou de perto, e que está prestes a ser concluída. A abertura do antigo prédio da Telefônica para as artes será muito importante. Por nós, a primeira mostra aconteceria mesmo antes da reforma; porque Mogi é muito carente em locais destinados aos artistas plásticos”, acentua Muniz, que integrava a antiga composição do Conselho Municipal de Cultura de Mogi das Cruzes, cuja gestão terminou no início deste mês; e aguarda da Prefeitura, a definição sobre o futuro do órgão, com a nomeação dos novos membros, prevista também para abril.
Para ser visto
Além dessa novidade esperada há anos, e surgida de uma manifestação de arquitetos e artistas que sugeriram a ocupação do prédio mal utilizado pela gigante do setor de telecomunicações; e cedida para a Prefeitura após diversas negociações; os artistas plásticos têm outro desafio. Atrair o público para prestigiar as obras, desenvolver o senso crítico, e adquiri-las. “A gente nota que não é dado um valor para as artes plásticas. Agora há pouco mesmo, nós tivemos uma experiência que revela isso. Nós conseguimos ocupar o mezanino do Mercado Municipal durante meses e apenas 400 pessoas nos visitarem. Há a necessidade de se formar o público e é preciso admitir, nós, os artistas, também temos responsabilidades nisso. Como não ‘ganhamos colinho e nem tapinha nas costas’, falhamos na articulação de ações, na divulgação dos eventos”, deduz Muniz. Ele e Adelaíde são alguns dos únicos representantes dos primeiros fundadores do Frontispício ainda no grupo que mantém um blog, projetos e oficinas desenvolvidas no Cecap (Centro Cultural Antonio do Pinhal). (Eliane José)