FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

domingo, 5 de junho de 2011


  • CIDADES
  • 05.jun.2011 Redação
    Grupo planeja restaurar casarão

    ALEXANDRE BARREIRA

    A restauração do casarão localizado na esquina das Ruas Dr. Ricardo Vilela e Alfredo Cardoso, pertencente à família Mello Camargo, está orçada em R$ 300 mil. A estimativa foi feita por um grupo técnico formado por arquitetos e engenheiros que avaliaram o imóvel de 360 metros quadrados (m²) a pedido do Grupo O Frontispício, que reúne artistas de Mogi das Cruzes e Região e recentemente selou uma parceria com um dos herdeiros do imóvel do Centro da Cidade.

    Dentre as reformas previstas pelo grupo técnico, estão a troca de piso, a substituição do madeiramento do forro do telhado, melhorias nas paredes - construídas pelo sistema rústico de taipa de pilão e taipa de mão – e a manutenção em toda a fachada externa do prédio.

    Zeti Muniz, diretor do O Frontispício, declarou que o grupo deverá iniciar em breve a busca por parceiros na iniciativa privada para a realização da obra. No entanto, segundo ele, não há pressa para que o trabalho comece. "Estamos no início de nossa parceria com o proprietário [João Benedito de Souza Mello Camargo]. Chegamos em abril deste ano e nossa intenção é utilizar o casarão como uma ‘base’ para todos os artistas. Para isso, temos que colocar ordem na casa", afirmou Muniz.

    Este trabalho, inclusive, já teve início. Graças ao esforço de alguns professores de História da Universidade Braz Cubas (UBC), que integram o grupo Dialética Cultural, o mobiliário, objetos e fotos encontrados no casarão já estão sendo separados e catalogados. "São artigos raros e históricos, que contam um pouco da vida de Mogi das Cruzes dos últimos séculos", afirmou Muniz, impressionado com uma imagem de uma santa envolta em uma folha de jornal datada de 1914. "Há ainda uma telha fabricada em 1848, vários móveis e objetos do século passado e o próprio casarão que conta sua história particular, no qual já funcionaram um armazém de secos e molhados (por volta de 1900), uma cafeteria (1916) e uma farmácia (1914)", afirmou.

    Futuramente, o imóvel, também conhecido como Casarão do Largo Bom Jesus, que foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico (Comphap) de Mogi das Cruzes em maio de 2010, deverá servir como base de apoio para os artistas plásticos que integram o grupo O Frontispício.

    Os artistas plásticos já iniciaram o desenvolvimento de atividades culturais no Largo Bom Jesus há pouco mais de um mês e pretendem oferecer cursos e oficinas voltados para a comunidade. "Alguns artistas e contadores de histórias se apresentam todos os sábados, das 10 às 12 horas, e já utilizam o casarão como ponto de encontro e local para deixar algumas obras", afirmou Muniz, que conta com o apoio de Enzo Ferrara, um dos diretores de O Frontispício.

    "É uma boa parceria porque o casarão tem uma referência histórica. Tenho uma boa expectativa de que pode dar certo e, desta forma, além de servir como ponto de encontro dos artistas, ser um ponto turístico para a Cidade e de memória de minha família", afirmou o autônomo João Benedito de Souza Mello Camargo.

    E é justamente na questão familiar que o presidente do grupo O Frontispício se inspirou para transformar o Casarão do Largo Bom Jesus no Centro Cultural "Maria de Souza Mello Alvarenga – Dona Mariquinha", mão de Camargo.

    No local estão previstos cursos e oficinas de pintura, artesanato, escultura e música, entre outros tipos de manifestações artísticas. "Será um local para desenvolvermos a arte em sua plenitude e um espaço para os artistas, sejam iniciantes ou veteranos, exporem seus trabalhos", definiu Muniz.


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