Isaac Grinberg, para mim, é o nosso herói, porque todo mundo que escrever a história do seu povo estará cometendo atos heroicos. Nos anos 80 ele publicava que as imagens, muito mais do que os textos, preservaram a memória de Mogi das Cruzes pelas mãos do artista, por meio de esboços, desenhos, gravuras, aquarelas, pinturas, monumentos, fotos e filmes.A história da visualidade mogiana, em todas as suas fontes primárias, são documentos tão importantes quanto às crônicas redacionais.Lápis, carvão, crayon, grafite, palhetas, telas e cavaletes e banquetas, lá vai ele.A visão aérea do paralelogramo, longe dos ateliers de Paris, num momento em que a arte e a ciência lançavam as bases do pensar moderno.O artista, como repórter do seu tempo, registrando as imagens dos seus olhos com dados visuais da realidade, cidades, campos, praias, montanhas e seus habitantes. Sabemos que a iconografia brasileira, paulista e mogiana era de mesma idade. Na primeira década de 1800, Thomas Ender copiou a paisagem mogiana em seu bloco de apontamentos, pintou aquarelas e guardou esses primeiros documentos históricos sobre Mogi das Cruzes no porta-folhas, depois de um dia suado de trabalho. Miguel Benício Dutra, com as suas aquarelas expôs os ângulos mais pitorescos da Villa M´Boigycolônia. Época em que circulavam gravuras com imagens de negras e índias seminuas no contexto de um Brasil alegórico. O rei da Baviera pode ter sido o mecenas da nossa transformação a cada virada de século a cultura como uma ampulheta muda do fim para o começo do nosso gosto estético. Jean Baptista Debret, com a sua erudição e pluralidade de linguagens, influenciou em todos os níveis sociais. Criou o documento mais importante da história iconográfica em seu depoimento visual sobre a indumentária do bandeirante paulista. Signos, símbolos, insígnias, emblemas, bandeiras, brasões, moedas e medalhas, estando na nossa heráidica e em nossos segredos perpétuos. A arte clássica, barroca, moderna, em processo vinte anos antes da fotografia.Saslvador Leite Feraz fazia parte da guarda de honra do imperador e acredita-se que o mogiano está retratado simbolicamente pelo artista plástico Pedro Américo na cena do "grito", em técnica e estilo europeus, encomendado.Olhar de fora que comentou visualmente o espírito pioneiro e a nossa síndrome de bandeirante desbravador.Essa foi a minha homenagem àquele que dedicou sincera amizade aos artistas plásticos mogianos, herois dessa história.José Antonio De MoraisÉ artista plástico e colabora com o jornal Mogi News aos domingos
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