FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nova cultura


Depois da Virada Cultural e do Festival de Inverno, é o momento de se fazer uma crítica daquilo que acontece pelas artes em Mogi das Cruzes. E apontar soluções que possam alterar o atual quadro de "vacas magras" das últimas décadas. Mas constato: o problema não é somente da Secretaria de Cultura. Será que os jornais e a TV colaboram ou não com esta precariedade? As universidades estão ou não nesta lentidão? Por que nossos vereadores não criam leis de incentivo? E o nosso Executivo? Creio que as respostas destas questões apontam para um déficit que se revela nesta cidade, ao contrário de Suzano.

O setor menos responsável pela sonolência são os próprios artistas que lutam... Lutam... E resistem contra o descaso. Ao contrário disso, alguns afirmam: não se unem; muitos são vaidosos; outros precisam se reciclar etc. Talvez... Mas, mesmo com pedras no meio do caminho, nascem auspiciosas novidades: Bar Mais Brasil (parabéns pelos seus quatro anos!), Grupo Frontispício, Centro de Cultura Pinhal, Galpão Artur Neto, Pontos de Cultura etc. E os já históricos que mereciam ser indenizados: Nerival Rodrigues, Mauricio Chaer, Lucio Bittencourt, Nakatani, Nelson Albissu e outros. Sem esquecer os que morreram recentemente sem a necessária visibilidade, como o injustiçado Mulato.

Então é preciso mudar. Como? Numa valorosa estrela de cinco pontas. A de cima liderada por uma atuação mais eficaz da Secretaria de Cultura. Sua função no futuro seria distribuir mais recursos sob formas de curadorias e leis de incentivo aos artistas. Além disso, ser uma centrífuga de formação pedagógica na busca de um público mais consistente. Outra ponta atuaria nos espaços universitários, para apresentações e, principalmente, polêmica sobre artes. É fundamental que os artistas recebam críticas por suas obras, para que se possa ter uma aprendizagem permanente.
Outro ângulo é o da mídia (alô, Mogi News!), criando cadernos culturais de domingo, numa mescla de consumo (moda, culinária etc.) e arte na abordagem de entrevistas, crítica, dicas do mundo digital etc. Quarta ponta: tentativa, até agora difícil, de agregação dos artistas em torno de objetivos comuns, principalmente a construção do Centro Cultural. E, finalmente, aprendermos como norma filosófica de cidadania (o que os chacareiros já nos ensinaram): é preciso "bater na bunda" de nossas autoridades para que não tentem - não irão conseguir - transformar a cidade num depósito de cestas básicas de cultura.


Mário S. de Moraes
é historiador e professor de Cultura Brasileira.

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