Foto: Enzo Ferrara
Imagem: Obra da Artista Jô Ferré
Texto: Enzo Ferrara
Histórico:
Festas Populares
A
Festa do Divino Espírito Santo de Mogi das Cruzes está comemorando 400 anos,
acreditasse que ela foi trazida, da região das Minas Gerais para a cidade pelos
tropeiros que se hospedavam nos arredores da antiga Igreja de Nossa Senhora do
Rosário dos Homens Pretos, um importante núcleo onde os escravos africanos se
concentravam e foram eles que mantiveram por muito tempo esse importante
manifesto da arte popular brasileira. A Nossa Senhora do Rosário não existe
mais, ela foi demolida a partir da década de 1950, por apresentar rachaduras
nas paredes, mas a Festa do Divino Espírito Santo continua e tem crescido a
cada edição, ela é tão importante que quase todos os grupos que trabalham com
arte popular na cidade estão de alguma fora vinculados a festa, como os grupos
de congada, marujadas, grupos de folia de reis, os bonecos gigantes, e o mais
novo deles grupo de Danças Brasileiras
Jabutícaqui.
Em
meados de 1830/1840 o artista plástico Miguel Dutra andou pelo então Sertão de
São Paulo Retratando em aquarela algumas paisagens que poderiam futuramente
virar pinturas estão entre elas a obra aquarela sobre papel de 24x35cm, que
leva como título, Festa do Divino Espírito Santo. A obra retrata a festa como
ela ainda é hoje, com um grupo de músicos, os festeiros com a bandeira do
divino e um carro de boi enfeitado com as cores da bandeira da bandeira do
divino. O Artista é citado no livro Memória de Mogi das Cruzes do Historiador
Isaac Grimberg, um dos primeiros artistas a retratar a imagem da cidade de Mogi
das Cruzes no século XIX.
São
15 dias de festas com missa. As Alvoradas, quando os festeiros caminham em
procissão pelo centro histórico de Mogi das Cruzes com lanternas, lembrando o
tempo do Barão de Jaceguai da Dona Iaiá e Coronel Almeida, são feitas várias
missas, que lotam as igrejas, pois tem música e depois da missa todos vão para
o CIP, onde é montada uma Feira do Divino, onde é vendido doces de abóbora,
coco, mamão e batata doce, feitos pelas comunidades dos bairros e o típico
Afogado, uma sopa de Batata com carne bovina.
Os
artistas plásticos não poderiam ficar de fora do evento, todo ano é montado uma
tenda no CIP onde é exibida a mostra Denerjâno Tavares de Lyra, que em 2011
chegou a 18ª Edição. A mostra é formada por um quadro de cada artista com o
tema da Festa do Divino Espírito Santo, a artista plástica Wilma Ramos, uma das
mais importantes pintoras naïfs do Brasil, participou por muitos anos da
mostra, pois a Festa do Divino era um de seus temas preferido e até mesmo o
artista plástico Nerival Rodrigues retrata pontos turísticos do Centro
Histórico com a festa do Divino Espírito Santo, ele chegou a pintar cartões
postais com o tema.
O
ponto alto da Festa do Divino é a Entrada dos Palmitos, uma grande procissão
pelas ruas do centro histórico de Mogi das Cruzes, que no passado era enfeitada
com folhas de palmito, participam da entrada dos palmitos os grupos de congada,
marujada, folia de reis, Moçambique, bonecos gigantes, cavalgadas, cortejo de
carro de Bois, a tropa da polícia militar, a tradicional Banda Santa Cecília,
os festeiros com suas Bandeiras do Divino Espírito Santo, grupos escolares e
grupos de música popular.
Atualmente
a população se organizou e formou a Associação Pró Festa do Divino Espírito
Santo de Mogi das Cruzes, para melhor organizar o evento, pois a tendência é
crescer cada vez mais.
Existe
um projeto de criação do Museu do Divino Espírito Santo, que é ponto Municipal de Cultura, esse museu
ainda não está com as portas abertas, está em formação e a população espera
ansiosamente pela abertura do museu.
Em
2010, ocasião em que Mogi das Cruzes completou 450 anos foi feita uma votação
com a população da cidade para escolher as sete maravilhas de Mogi das Cruzes e
uma delas foi a Festa do Divino Espírito Santo.
Os Grupos de Congadas e Moçambique
Não
se sabe ao certo quando esses grupos surgiram, mas podemos concluir que são tão
antigos quanto a própria Festa do Divino Espírito Santo. Em 1936 Mário de
Andrade passou pela cidade de Mogi das Cruzes, em uma missão de pesquisa do
folclore no Estado de São Paulo e acompanhou um grupo de Congada chamado Nossa
Senhora da Conceição e grupos de Cavalhadas que se concentraram nos arredores
do atual Centro Carmo, na praça que hoje se chama Largo Bom Jesus. Esse
material de pesquisa está nos arquivos do extinto Centro Cultural Dona
Mariquinha no Centro Carmo em Mogi das Cruzes.
Na
década de 1940 o festeiro Chico Preto Cria um grupo de Congada que existe até
hoje, de lá para cá surgiram novos grupos, como o de Nossa Senhora Aparecida e
São Benedito. Em Agosto, a Secretaria Municipal de Cultura de Mogi das Cruzes
promove o festival de arte popular, evento no qual muitos grupos populares se
reúnem confraternizando entre si e com a população.
Atualmente
os grupos de Congada, Moçambique, Folia de Reis e Marujadas formaram uma
Associação Nacional das Congadas, marujadas e Moçambique para pesquisa e defesa
das tradições populares e viraram ponto municipal de cultura, ainda sem um
local central, eles ainda se encontram nos núcleos dos bairros do Botujurú,
Vila Natal, Brás Cubas, Santo Ângelo, Vila Municipal e Jardim Ivete e se encontram
em Agosto no Festival de arte Popular e Na festa do Divino Espírito Santo, que
ocorre 40 dias após a páscoa.
Exposição As Cores da Festa do Divino de
Mogi das Cruzes
Abertura:
dia 09 de Maio de 2013/ 19:h
Período:
09 a 31 de Maio de 2013
Entrada:
Franca
Endereço:
Rua Graciosa, 300, Centro de Diadema/ SP
Referência:
Próximo ao Terminal de Diadema e a Praça das Moças.
Fone:
(11) 4051.5408/ José Aparecido
Classificação:
Livre para todos os públicos
Artistas
Participantes: Adelaide L. Swettler, Linda Fuga, Cida Cinelli Varella, Jandira
J. A. Siqueira, Zeti Muniz, Enzo Ferrara e Jô Ferré (Todos de Mogi das Cruzes)
Dia da Abertura: Roda de conversa com os
artistas e música ao vivo com o grupo de Violeiros “Do Urbano ao Rural”.
A
tradicional Festa do Divino Espírito Santo de Mogi das Cruzes é um tema
abordado pelas artes visuais a muito tempo. Na seleção das obras da exposição
foram escolhidas algumas obras que já participaram da exposição Denerjânio Tavares
de Lyra, que é montada numa tenda durante o período da Festa do Divino e expõe
obras com o tema.
Destacarei
as obras da artista Jô Ferré, que fez uma homenagem a duas figuras muito
populares na festa do Divino, uma das telas retrata o Fogueteiro que participou
da Festa por muitos anos, o Sr Heitor, falecido em 2007. A outra obra retrata a
rezadeira Dona Terezinha, que é viva e continua participando da festa. A
artista Plástica Cida Cinelli Varella retratou uma das abelhinhas, senhoras que
fazem os doces vendido durante a festa, fazendo o doce de abobora no fogão a
lenha. A Artista Linda Fuga leva para a exposição o tradicional tema da festa,
mas num formato mais moderno explorando técnicas inovadoras. A Artista Jandira de J. A. Siqueira retratou a primeira Festa, com a vista de uma cidade ainda em formação. O
artista Zeti Muniz retratou a vista de uma janela da chegada da Alvorada,
quando os festeiros acordam antes de amanhecer para ir na primeira missa e
depois caminhar pela cidade. Enzo Ferrara selecionou duas obras, uma foi
pintada em Santo André em 2004, sendo a primeira pintura em tela da carreira do
artista, a outra retrata a entrada dos palmitos na região da rua Ricardo
Vilela, com o tradicional grupo de congada São Benedito. A Artista Adelaide L. Swettler preparou uma tela especialmente para a exposição, retratando o amanhecer da alvorada do Divino.
A
exposição também contará com arquivo de fotos e irá expor uma peça muito rara,
uma imagem do Divino Espírito Santo, entalhada em Madeira, feita na Primeira
metade do século XIX. Vale apena conferir a exposição, que está promovendo um
intercambio cultural com a cidade de Diadema, cidade que sempre recebeu bem os
artistas de Mogi das Cruzes e que guarda no acervo permanente do MAP, obras de
artistas da região como Nerival Rodrigues, Enzo Ferrara e Aracy Boucalt de
Andrade.
Essa
é uma das atividades que a cidade de Mogi das Cruzes irá promover com o MAP, no
próximo ano o recém criado ACERVO SEM PAREDE irá expor parte de seu acervo,
principalmente o de arte Naïf, no MAP.