O Pai caiu... Mas, o Filho...
Eleutério, fora vítima, certa vez, do conto do vigário. Fazia muito tempo, mas não esquecia e, fazia questão de contar aquele fato aos filhos, para que nunca caíssem de desprevinidos, como ele caíra.
Tonho, o filho mais velho, antes de ir à cidade, costumava ouvir do pai:
- Cuidado com os malandros que passam o conto na gente. Muito cuidado, filho.
Ao que o rapaz respondia, cheio de empáfia: - Que nada , pai. O senhor caiu, mas eu não caiu. Eu, Heim?
....
...
Naquele dia, seguindo em direção ao Banco, onde iria depositar as economias do velho, Tonho viu-se abordado por um simpático padre, bastante idoso, com ar bondoso e sotaque de estrangeiro, que lhe perguntou se era católico, o que confirmou.
Disse-lhe o padre amavelmente, que notara nele um bom cristão, por isso recorreria a ele para pedir aquele favor: - receber por ele, o dinheiro daquele bilhete premiado, que mostrava ao rapaz, pois, aos padres é proibido qualquer tipo de jogo e, se quisesse ficar com o bilhete dando alguma coisa em troca, seria de grande valia para os pobres de sua paróquia e, Deus Lhe haveria de dar em dobro.
Cheio de vaidade e boa intenção, tonhop decidiu-se por ajudar o santo homem. Deulhe tudo que iria depositar, certo de que receberia na Caixa Econômica, Quantia muito mais elevada e, então voltaria ao Banco, onde depositaria tudo.
Quando conferiram o bilhete na Caixa, informaram-no de que tinha valor algum.
Louco, desesperado, entendeu que havia caído no famosíssimo conto!
Andou, andou pela cidade e nada de ver o “santo” homem!
Fez queixa na delegacia, onde foi duramente repreendido por ter caído numa farsa tão conhecida:
- Será que você nunca ouviu falar nessa de conto do vigário? Arre!
Então, o rapaz, envergonhado, lembrou-se dos conselhos do seu velho pai...
O pai caiu... mas o filho....Também...
Elza Meireles Chóla (20 mini-contos, irreais mas não impossíveis – 1988)
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