FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Morre em São Paulo o artista plástico Wesley Duke Lee

O artista plástico paulistano Wesley Duke Lee, 78 anos, morreu às 23h deste domingo (12) no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. (A assessoria de imprensa do hospital havia informado anteriormente que a morte ocorrera às 5h40 de segunda, mas telefonou à redação para retificar o horário em seguida).

De acordo com Max Perlingeiro, amigo do artista e curador de uma mostra dedicada a ele atualmente em cartaz no Rio de Janeiro, Duke Lee morreu de complicações respiratórias. Ele sofria de Mal de Alzheimer e, antes de dar entrada no hospital, estava internado em uma clínica em São Paulo, também segundo Perlingeiro.

Veja galeria de fotos e obras do artista Wesley Duke Lee

O corpo de Duke Lee - que não será velado publicamente - será cremado em cerimônia marcada para as 16h desta terça-feira no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.

'Artesão de ilusões'
Nascido em dezembro de 1931, Duke Lee começou a estudar desenho e pintura no Masp, em São Paulo, e depois passou temporadas em Nova York e Paris para levar adiante sua formação.

'O Filiarcado - Ensaio alquímico com jogos infantis', um dos mais recentes trabalhos de Wesley Duke Lee, de 1999'O Filiarcado - Ensaio alquímico com jogos infantis',um dos mais recentes trabalhos de Wesley Duke
Lee, de 1999 (Foto: Divulgação)

Com artistas como Carlos Fajardo, Nelson Leirner e Geraldo de Barros foi um dos fundadores do Grupo Rex, que oferecia uma reação combativa e bem-humorada ao mercado de artes na década de 1960. Nessa época, foi também responsável pela realização dos primeiros "happenings" da arte brasileira.

Nos anos 80, trabalhou em parceria com o Centro de Reprodução Xerox, em Nova York, e incorporou uso de novas tecnologias a seus trabalhos, como fotocópia, polaroid e computador.

Duke Lee, que teve trabalhos expostos nas bienais de Veneza e de Tóquio, se dizia influenciado pelo movimento dadaísta, pela pop art e pela publicidade. Em um vídeo publicado na Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais, declarou: "Sou um artesão de ilusões. O que realmente me interessa é a qualidade da ilusão. Se você conseguir atravessar o espelho e tiver a coragem de olhar para trás, você não vai ver nada".

Max Perlingeiro e Wesley Duke Lee em foto de 2006Max Perlingeiro e Wesley Duke Lee em foto de 2006(Foto: Divulgação)

Retrospectiva em cartaz no Rio
Uma retrospectiva da carreira do artista pode ser conferida em uma mostra que está atualmente em cartaz na Pinakotheke Cultural, do Rio de Janeiro (R. São Clemente, 300, Botafogo). A mostra, com curadoria de Max Perlingeiro, permanece aberta até 2 de outubro. No dia 23 do mesmo mês, a exposição será transferida para São Paulo, onde fica até 5 de dezembro.

"Falamos sobre a exposição em 2006, mas depois a saúde dele se agravou muito. A princípio achei que não era muito prudente fazer [a mostra], mas no final do ano passado os amigos do Wesley me procuraram e incentivaram a fazer a exposição", diz Perlingeiro. "Acho que fizemos talvez a maior homenagem que ele já teve."

Para Perlingeiro, a arte brasileira perde "um dos maiores artistas de sua vanguarda". "O Wesley semrpe esteve muito além do seu tempo. Desde os anos 60, ele era inconformado com a mesmice da arte e não se contentava mais com a pintura bidimensional", diz o amigo e curador, lembrando as primeiras experimentações do artista no campo das instalações e no uso da tecnologia. "Na época, ele era tão avançado que as pessoas não o compreendiam."

No início da noite desta segunda-feira, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, divulgou uma nota de pesar pela morte de Duke Lee. "Sua atitude experimentalista, irreverente e contestadora, base de sua criatividade, foi e é fundamental para o crescimento não só artístico, mas de comportamento de uma sociedade como a nossa", diz a nota, dirigida "aos familiares, amigos, artistas e aos que amam a arte".

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