FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

quinta-feira, 20 de outubro de 2011



REPERCUSSÃO Projeto prevê pintura do prédio na cor vermelha; Bittencourt e Zetti aprovam a ideia
DANILO SANS
Artistas mogianos aprovam e incentivam a ideia de transformar o prédio da Telefônica no Museu de Arte de Mogi (MAM). O Frontispício, grupo composto por mais de 70 artistas plásticos da Cidade, deve realizar neste sábado uma manifestação, a partir das 9 horas, no Largo Bom Jesus, para discutir a proposta e adicionar mais elementos ao projeto, que recentemente tem ganhado espaços nas redes sociais. O encontro deve continuar ainda por mais dois sábados e passar também por pontos voltados às artes de Mogi.
"A discussão já é antiga, e vem desde a época que em o prédio era da CTBC [Companhia Telefônica da Borda do Campo]. A gente acredita que, como era um bem público, não poderia ter sido passado para a atual Telefônica no ato da privatização. São estas linhas que a gente quer adicionar", aponta Zeti Muniz, um dos fundadores do Frontispício.
Ele já faz planos para o novo espaço. "Queremos fazer um salão para reunir todos os artistas regionais para exposição e entrega de prêmios. A ideia é de que seja feito, já no prédio da Telefônica, e se for o caso, até mesmo com o patrocínio da empresa", explica.
Além do museu, ele propõe que seja criada uma galeria no local, para que os artistas possam, além de mostrar, vender suas obras. "Isso seria interessante até mesmo para o surgimento de novos artistas", acrescenta.
Para Zeti, já é possível revelar alguns pontos positivos destas discussões. "O movimento está unindo os arquitetos e os artistas, que não conversavam tanto entre si. Isso já é bastante benéfico", diz. Ele brinca que, além do MAM (em alusão ao Museu de Arte Moderna de São Paulo) e do Masp (que se assemelha ao Museu de Arte de São Paulo pelas cores com que o esboço do prédio foi pintado), está nos planos a criação do MAAM, "que seria o Movimento de Artistas e Arquitetos de Mogi".
O escultor mogiano Lúcio Bittencourt, que tem diversas obras espalhadas pela Cidade, por outros estados e até por alguns países, diz que Mogi está perdendo seus artistas. "Infelizmente, a história está se passando. É urgente um espaço que possa resgatar a memória dos artistas que já partiram, mas também para valorizar os atuais", diz.
No entanto, Lúcio já não é tão otimista quanto à possibilidade de criação do museu, mas também tem esperanças de que a proposta saia do papel. "Tenho 57 anos de Mogi e sei que aqui estas questões são difíceis. A discussão é ótima e sempre que isso acontece faz com que o pessoal da política se mexa", acrescenta.
Um dos pontos abordados pelos dois artistas, Lúcio Bittencourt e Zeti Muniz, é de que o museu só serviria aos artistas se tivesse uma curadoria independente. "Tem que ser gerida por artistas, por alguém que saiba o que está fazendo", alerta. "É importante que seja independente da Prefeitura, para não virar cabide de empregos", complementa Lúcio.
Além de O Frontispício, o arquiteto e autor da proposta, Paulo Pinhal, vai reunir os interessados na criação do MAM para traçar um plano de ação, a fim de que a ideia se torne concreta e saia das telas dos computadores. O encontro acontece no próximo dia 27, às 19 horas, na sede do Centro Cultural Antonio do Pinhal (Cecap), na Rua Boa Vista, 108, Centro.
Consultada por O Diário, a Telefônica informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a empresa utiliza o prédio e que "não procede a informação da possível transformação do local em um museu".

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