FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Embú das Artes e Praça Princesa Isabel em São Paulo - Visita do Grupo de Artes Frontispício (Linda Fuga, Zeti Muniz e Enzo Ferrara)

Praça Princesa Isabel em São Paulo
Entrada da Cidade de Embú das Artes

No Domingo dia 16 de Setembro de 2012, tivemos uma oportunidade única de conhecer o trabalho cultural em duas cidades distintas, o Embú das Artes e a grande cidade de São Paulo e encontramos duas realidades bem diferentes, mostrando a política cultural e o relacionamento da arte com o público.

Na Praça Princesa Isabel em São Paulo encontramos várias barracas, que ainda estavam sendo montas, pois era de manhã, muitas vendiam telas, livros estampas para decopagem e material para artesanato. A Praça Princesa Isabel estava abandonada por parte da prefeitura de São Paulo, pois a grama estava seca e lixo por toda parte, moradores de rua dormiam ao doce calor da luz do sol, nos fazendo a seguinte pergunta, onde está a secretaria do amparo social, pois aquelas pessoas também têm o direito de estar alí, mas tem sérios problemas, ou com o alcoolismo, ou com dependência química, ou por abandono da família. Devemos lembrar que a cracolândia no velho centro histórico do bairro da Luz a Praça da Sé só surgiu por vários anos de descaso por parte do poder público, o Estado não cria ações para ajudar o povo, depois gasta milhões para remediar as cracolândias espalhadas por todas as partes, milhões que vem dos impostos que todos nós pagamos com muito sacrifício a todo o momento.

A Cidade de Embú das Artes é uma ilha de esperança cultural num mar global de crise na área da produção das artes visuais no Brasil, encontramos uma cidade com agitada vida cultural, muitas barracas, lojas, galerias e restaurantes, vendendo e trabalhando com arte, mostrando que arte traz muito dinheiro para a cidade que apóia a cultura como um todo, pois os turistas que vão visitar a Praça dos Quadros, também comem e bebem nos restaurantes, compram móveis, roupas e vários produtos que a cidade oferece, enfim consomem e voltam várias vezes ao município, que é acolhedor e respira arte.

Gostaria que no futuro não muito distante, outras cidades como Mogi das Cruzes e São Paulo seguissem o exemplo de Embú das Artes, pois é muito melhor ter como vitrine turística da cidade a arte e a cultura, que gera emprego e renda, do que os enormes problemas sociais que o nosso país ainda tem.

Mogi das Cruzes também tem problemas sociais semelhantes aos de São Paulo, quando andamos pela Praça Osvaldo Cruz, praticamente na Porta da Estação Ferroviária de Mogi das Cruzes, nos deparamos com vários moradores de rua abandonados pelo Estado. O mesmo acontece no Largo Bom Jesus. Nossos políticos tratam estes problemas como se fossem invisíveis, a população faz vistas grossas, dizendo que “aquilo não é problema meu”, e tudo me faz pensar na seguintes perguntas, o que estamos deixando para a próxima geração? Será que Mogi das Cruzes e São Paulo estão, mesmo de fora inconsciente, criando um solo fértil para o surgimento de futuras cracolândias? Não é possível mais fechar os olhos e fingir que nada está acontecendo, nosso país está crescendo economicamente, mais isso não chega a todos, e para onde estamos crescendo, onde vamos parar? Sem planejamento por parte do poder público e sem o envolvimento da sociedade em ações, sociais, culturais e nas mais diversas áreas estaremos caminhando rumo ao abismo.

Por: Enzo Ferrara