Texto de Enzo Ferrara
Exposição
Os Silva
O
Centro Cultural de Diadema, onde encontramos o MAP (Museu de Arte Popular ) é
um espaço democrático, através de ações culturais, ele expões o que de melhor é
produzido na cidade e na região do ABCD, promove intercambio com outras regiões.
O Material produzido e exposto promove reflexão e gera opinião.
No
Mês de Novembro, em que comemoramos no dia 20 o dia da consciência Negra, o MAP
promove a exposição Os Silva, uma mostra da produção de artistas que são irmãos
e que representam através de seu trabalho a arte popular, Naïf e a cultura
Negra no Brasil.
João Candido Silva, E. Rosária Silva e Vicente de Paula são Irmãos da Tão Famosa artista Naïf Maria Auxiliadora Silva (1935-1974), uma referência da História da arte Naïf nacional. Talvez os irmãos não saibam, mas eles representam também uma pagina importante da história da arte naïf nacional.
João Candido Silva, E. Rosária Silva e Vicente de Paula são Irmãos da Tão Famosa artista Naïf Maria Auxiliadora Silva (1935-1974), uma referência da História da arte Naïf nacional. Talvez os irmãos não saibam, mas eles representam também uma pagina importante da história da arte naïf nacional.
A
Produção e as informações de produção de arte naïf na Pintura, que muito comum
ser passada de irmão para irmão, ou de pai para filho, num convívio familiar,
algo que vemos na produção das cerâmicas figurativas do Alto do Moura, pelos
herdeiros de Mestre Vitalino, pelos descendentes de Isabel Mendes da Cunha, em
Santana do Araçuaí, Vale do Jequitinhonha, e do pintor Waldomiro de Deus e Sua Mulher, podemos
ver também na relação da família Silva com sua produção.
Os
Temas vão de Plantação, vida no campo, trabalho na lavoura, a vida nas
periferias, a favela, as cores afrobrasileiras, o futebol, temas religiosos
como o São Jorge, folclore, a liberdade da escravidão, a miscigenação do povo
brasileiro, as brincadeiras de infância. Destaque para a utilização da escrita
na obra de Conceição silva e a escultura de João Candido Silva
Quem
quiser conferir a Exposição ainda dá tempo:
Visitação: de 02/11 a 24/11/2012 de
Terça a Sexta
Horário: 10h às 19h
Aos Sábados, das 13h às 18h
Endereço: Rua Graciosa, 300, Centro de
Diadema, SP
Referência: Ao Lado da Praça das Moça,
próximo ao terminal de Diadema
Fone: (11)4051.5408
Homenagem:
Maria Auxiliadora Silva (1935-1974)
Tenho
uma enorme admiração pela artista e pela obra de Maria Auxiliadora, quando olho
para trás é ela quem eu vejo. A artista Naïf era Negra, Mulher, Empregada
doméstica, pobre, e analfabeta, conseguia reunir em sí mesma todos os
seguimentos sociais, que por séculos foram jogados a margem da sociedade, com
isso ela tinha tudo contra ela, tudo para fracassar, mas ela não esmoreceu, foi
a luta, pintou nos primeiros anos de exposição na Praça da República em São
Paulo, nos anos de 1960, e foi também uma das primeiras a ir para movimentar as
ações culturais em Embú, que ainda não era das Artes, procurou por toda vida se
alfabetizar, e tudo que ela fez contribuiu para que muitas galerias abrissem as
portas para os artistas Naïfs. O Resultado pode ser conferido até hoje, ainda
temos a exposição na Praça da República e Embú das Artes Transborda cultura por
todos os lados.
Por
Enzo Ferrara
Encontrei
um texto de Lucien Finkelstein, que ilustra muito bem quem era a Artista.
Que
dizer de uma pintora que arrancava os cabelos da própria cabeça para colocar
nas cabeças dos personagens que pintava? Os Quadros dessa Mineira de Campo Belo
tinham muito mais que isso.
Em
sua preocupação Naïf de “Dizer Tudo” numa só tela, Maria Auxiliadora Silva
compensava a falta de técnica para criar a terceira dimensão, com recursos
ingênuos: Suas mulheres tinham seios e nádegas reais, protuberantes, feitos de
uma massa grossa aplicada sobre a tela.
A
pintora era quarta filha de uma família pobre de dezoito irmãos. Sua mãe,
entalhadora de madeira, estimulava os filhos a se expressarem por meio da arte,
fosse esculpindo madeira, bordando ou pintando. Assim, Maria Auxiliadora
desenhou desde criança, com qualquer material que lhe caísse nas mãos: Carvão,
lápis, tinta....
Os
Trabalhos da Família eram postos à venda aos domingos na Praça da República, em
São Paulo. Lá, Maria Auxiliadora começou a mostrar seus primeiros quadros.
A
Partir de 1968, se dedicou exclusivamente à pintura. Chegou a participar de um
grupo de artistas Afrobrasileiros, que se reuniam na cidade Paulista de Embu,
para preservar as raízes da arte Negra.
Antes
disso, a pintora trabalhou por muito tempo como empregada doméstica, passadeira
e bordadeira. Essa última ocupação se reflete em seus quadros, no cuidado
especial de bordar os vazios, enchendo de flores e folhas, enfeitando as roupas
com mil detalhes, rendinhando as cortinas, anáguas e mangas, tudo de maneira
minuciosa.
Suas
telas representam divindades e rituais do candomblé, trabalhos do campo e cenas
da vida urbana. São marcadas por personagens femininas, com contornos
exuberantes, sensuais e de um colorido muito forte.
Por
seu talento, Maria Auxiliadora encantou o Cônsul Americano em São Paulo, Werner
Arnhold, que a conheceu na Praça da República, ainda em 1967. O Diplomata
promoveu sua primeira exposição individual, no próprio consulado dos Estados
Unidos.
O
sucesso nacional e Internacional veio logo, marcado por várias exposições. A
Pintora Chegou a merecer um livro de Pietro Maria Bardi, Crítico de Arte e
incentivador de vários Naïfs Brasileiros.
A
vida de Maria Auxiliadora, porém foi tão breve quanto marcante: Pintou no
período entre seus 32 a 39 anos de idade, quando faleceu de Câncer pulmonar.
Nos últimos meses de vida fez várias telas representando a própria morte, seu
velório e enterro. Sua passagem pela História da Pintura Naïf Brasileira foi
como um cometa fulgurante e cheia de cores.