FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Biografia de Artistas Naïfs / Ignácio da Nega (1945)

Pintura de Ignácio da Nega
Origem: Disponível na Internet
Texto de Enzo Ferrara

No inicio do mês de fevereiro de 2013 recebi uma ligação inusitada, era o senhor Inácio da Nega, que entrou em contato comigo após ter falado com outro artista Naïf, o Nerival Rodrigues, ao qual eu tinha escrito a Biografia um mês antes, conversamos e ele me enviou o material portfólio via correio e assim escrevi a biografia do artista, que não conhecia pessoalmente, mas que já nos demos muito bem por telefone.

Inácio Ramos da Silva nasceu em Imbé (Surubim), Pernambuco, em 3 de Novembro de 1945. O despertar da arte se deu em meio familiar, quando era menino, ajudava a mãe na decoração dos andadores das tradicionais procissões do município onde vivia.
O contato com as cores despertou o amor do artista pelo colorido. A Carreira artística iniciou no ano de 1969, quando começou a pintar, já em São Paulo.
Em 1970, voltou para Pernambuco para frenquentar o curso livre de belas artes, sob a orientação do Professor Alaerte Baldini.
Em 1980, promove uma exposição individual, Exposição Ignácio da Nega Artista Primitivo, ao qual darei destaque, ela aconteceu na Funepe (Campus Universitário), cidade de Penápolis/SP, no período de 26 de Janeiro a 02 de Fevereiro. A exposição foi promovida pelo Museu do Sol e a prefeitura do município, foi uma oportunidade única de ver boa parte da produção do artista, a participação do artista na exposição abre caminho para inúmeros convites e futuras exposições.
Em 1985, uma das obras do artista é reproduzida no livro Arte Ingênua Brasileira, escrita por Jacob Klintowitz, um projeto em parceria com a Associação Grupo Banco Cidade. A obra em questão recebeu o título de A Budega do Araçá, atualmente em coleção particular. Na obra podemos ver uma mistura da Cultura de Pernambuco com um grupo de pessoas em Primeiro plano tocando talvez o forró, em meio as pessoas vemos um estandarte com a figura do Galo da Madrugada, um homem esta fantasiado de cavaleiro sobre o cavalo, e no lado esquerdo vemos um dançarino pulando e dançando o tradicional Frevo, com um pequeno guarda chuva, ao fundo vemos uma igreja e coloridas casinhas do nordeste brasileiro, numa delas esta escrito o título da obra, que aborda um típico dia de carnaval.   
Logo retorna para São Paulo e continua a pintar com orientação de Cássio M’Boy e Iracema Arditi. O artista foi funcionário publico do Governo do Estado de São Paulo até o ano de 1996, quando deixou o cargo para se dedicar inteiramente ao fazer artístico. No mesmo ano participa da Bienal Naïfs do Brasil em Piracicaba, com a obra Casa de Engenho Antigo, onde ele mostrou toda a força de sua cor, povoada de seus personagens típicos, mostrando também um intrigante céu negro, por onde passa nuvens cinzas, estaria o artista transmitindo um tema que acontece a noite? ou ele produziu a obra com um céu negro para dar mais destaque para as cores vivas em primeiro plano? A resposta fica a cargo de quem olha, pois cada um tem a interpretação própria, não existindo uma resposta correta e definitiva.
Ao longo de sua produção valorizou toda a cultura do nordeste brasileiro, seus tipos humanos, suas festas populares e as cores da região. O artista também trabalhou como pintor executivo da Galeria Seta, onde produziu inúmeras obras com o seu colorido inconfundível, destacando os temas que retratavam a prostituição.
Em 2000, participa novamente da Bienal de Naïfs do Brasil em Piracicaba, dessa vez com duas obras, A Fazenda e O Casamento Árabe, Ambas da mesma medida 60 x 50 cm. Destacarei a obra A Fazenda, nessa obra o artista pinta o campo de negro para dar destaque para as flores e pedras, o caminho se abre como uma porta, ou uma cortina de palco de teatro e aí o espectador tem a visão da casa da Fazenda em cor de rosa, num verdadeiro mix de personagens que se fundem entre mulheres carregando potes de água, homem indo trabalhar na lavoura, bananeiras e coqueiros, casas coloridas, em primeiro plano vemos um casal e uma criança nua, parece que os dois estão se lembrando de tudo que estão deixando para trás ao partirem da casa da fazenda.
Ignácio da Nega pesquisou e produziu obras que abordavam temas relacionados as paisagens brasileiras, com foco em pequenas e grandes cidades coloniais de algumas capitais do Brasil.
O artista tem obras em todos os Estados do Brasil. Em panorama internacional ganha destaque para Suíça, França, Israel, Portugal, EUA, Alemanha, Argentina e Colômbia.
Hoje o tema predominante em sua produção são as festas nordestinas permanecendo os personagens com o nariz característicos da obra do artista, e as festas de Pernambuco. Inácio diz que está numa nova fase, realmente os personagens mudaram um pouco, porém a essência da arte Naïf está impregnada na alma do artista, mesmo mudando alguns detalhes a produção contemporânea do artista permanece sendo arte Naïf.
Em 2012/2013 está com exposição na França, promovida por Marina Arditi, filha de Iracema Arditi, estamos muito bem representados pelo trabalho de Ignácio da Nega.