Pintura de Ignácio da Nega
Origem: Disponível na Internet
Texto de Enzo Ferrara
No
inicio do mês de fevereiro de 2013 recebi uma ligação inusitada, era o senhor
Inácio da Nega, que entrou em contato comigo após ter falado com outro artista
Naïf, o Nerival Rodrigues, ao qual eu tinha escrito a Biografia um mês antes,
conversamos e ele me enviou o material portfólio via correio e assim escrevi a
biografia do artista, que não conhecia pessoalmente, mas que já nos demos muito
bem por telefone.
Inácio
Ramos da Silva nasceu em Imbé (Surubim), Pernambuco, em 3 de Novembro de 1945.
O despertar da arte se deu em meio familiar, quando era menino, ajudava a mãe
na decoração dos andadores das tradicionais procissões do município onde vivia.
O
contato com as cores despertou o amor do artista pelo colorido. A Carreira
artística iniciou no ano de 1969, quando começou a pintar, já em São Paulo.
Em
1970, voltou para Pernambuco para frenquentar o curso livre de belas artes, sob
a orientação do Professor Alaerte Baldini.
Em
1980, promove uma exposição individual, Exposição Ignácio da Nega Artista Primitivo, ao qual darei destaque, ela
aconteceu na Funepe (Campus Universitário), cidade de Penápolis/SP, no período
de 26 de Janeiro a 02 de Fevereiro. A exposição foi promovida pelo Museu do Sol
e a prefeitura do município, foi uma oportunidade única de ver boa parte da
produção do artista, a participação do artista na exposição abre caminho para
inúmeros convites e futuras exposições.
Em
1985, uma das obras do artista é reproduzida no livro Arte Ingênua Brasileira,
escrita por Jacob Klintowitz, um projeto em parceria com a Associação Grupo
Banco Cidade. A obra em questão recebeu o título de A Budega do Araçá, atualmente em coleção particular. Na obra podemos
ver uma mistura da Cultura de Pernambuco com um grupo de pessoas em Primeiro
plano tocando talvez o forró, em meio as pessoas vemos um estandarte com a
figura do Galo da Madrugada, um homem esta fantasiado de cavaleiro sobre o
cavalo, e no lado esquerdo vemos um dançarino pulando e dançando o tradicional
Frevo, com um pequeno guarda chuva, ao fundo vemos uma igreja e coloridas
casinhas do nordeste brasileiro, numa delas esta escrito o título da obra, que
aborda um típico dia de carnaval.
Logo
retorna para São Paulo e continua a pintar com orientação de Cássio M’Boy e
Iracema Arditi. O artista foi funcionário publico do Governo do Estado de São
Paulo até o ano de 1996, quando deixou o cargo para se dedicar inteiramente ao
fazer artístico. No mesmo ano participa da Bienal Naïfs do Brasil em
Piracicaba, com a obra Casa de Engenho
Antigo, onde ele mostrou toda a força de sua cor, povoada de seus
personagens típicos, mostrando também um intrigante céu negro, por onde passa
nuvens cinzas, estaria o artista transmitindo um tema que acontece a noite? ou
ele produziu a obra com um céu negro para dar mais destaque para as cores vivas
em primeiro plano? A resposta fica a cargo de quem olha, pois cada um tem a
interpretação própria, não existindo uma resposta correta e definitiva.
Ao
longo de sua produção valorizou toda a cultura do nordeste brasileiro, seus
tipos humanos, suas festas populares e as cores da região. O artista também
trabalhou como pintor executivo da Galeria Seta, onde produziu inúmeras obras
com o seu colorido inconfundível, destacando os temas que retratavam a
prostituição.
Em
2000, participa novamente da Bienal de Naïfs do Brasil em Piracicaba, dessa vez
com duas obras, A Fazenda e O Casamento Árabe, Ambas da mesma
medida 60 x 50 cm. Destacarei a obra A Fazenda, nessa obra o artista pinta o
campo de negro para dar destaque para as flores e pedras, o caminho se abre
como uma porta, ou uma cortina de palco de teatro e aí o espectador tem a visão
da casa da Fazenda em cor de rosa, num verdadeiro mix de personagens que se
fundem entre mulheres carregando potes de água, homem indo trabalhar na lavoura,
bananeiras e coqueiros, casas coloridas, em primeiro plano vemos um casal e uma
criança nua, parece que os dois estão se lembrando de tudo que estão deixando
para trás ao partirem da casa da fazenda.
Ignácio
da Nega pesquisou e produziu obras que abordavam temas relacionados as
paisagens brasileiras, com foco em pequenas e grandes cidades coloniais de
algumas capitais do Brasil.
O
artista tem obras em todos os Estados do Brasil. Em panorama internacional
ganha destaque para Suíça, França, Israel, Portugal, EUA, Alemanha, Argentina e
Colômbia.
Hoje
o tema predominante em sua produção são as festas nordestinas permanecendo os
personagens com o nariz característicos da obra do artista, e as festas de
Pernambuco. Inácio diz que está numa nova fase, realmente os personagens
mudaram um pouco, porém a essência da arte Naïf está impregnada na alma do
artista, mesmo mudando alguns detalhes a produção contemporânea do artista
permanece sendo arte Naïf.
Em
2012/2013 está com exposição na França, promovida por Marina Arditi, filha de
Iracema Arditi, estamos muito bem representados pelo trabalho de Ignácio da
Nega.