FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

NOVA YORK, EUA — O artista plástico brasileiro Carlito Carvalhosa expõe pela primeira vez nos Estados Unidos, no MoMA de Nova York, com "Sum of Days",


A Soma dos Dias, uma instalação sonora monumental que reinterpreta os conceitos de espaço e tempo.

A obra, já apresentada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2010, domina o átrio do segundo andar do Museu de Arte Moderna (MoMA) e pode ser visitada até o dia 14 de novembro.

"Carlito Carvalhosa vem do Brasil, um dos cenários artísticos mais interessantes e vivos da atualidade. Estou muito feliz com o fato de sua criação estar exposta no MoMA", disse à AFP um dos curadores da mostra, Luis Pérez-Oramas.

Carvalhosa (nascido em 1961, em São Paulo), vive e trabalha no Rio de Janeiro e já se apresentou na França e na Holanda.

"Um grupo do MoMA viajou a São Paulo no ano passado, durante a Bienal. Visitamos alguns museus da cidade e ficamos surpreendidos com Sum of Days", lembrou Pérez-Oramas.

A obra parece simples: duas espirais de tecido branco levíssimo (todo o pano da montagem pesa apenas 40 quilos) e translúcido, ligadas entre si, formam um labirinto circular por onde o visitante se perde num mundo etéreo. Posui um sistema de captação do som ambiente que vai se acumulando e modificando com a soma dos dias.

Assim, microfones colocados em diferentes partes da instalação vão gravando o som ambiente da jornada, e o material é divulgado no dia seguinte por alto-falantes colados às paredes do átrio.

A gravação de cada novo dia se sobrepõe ao anterior, criando um som único e diferente. Por sua vez, as primeiras gravações vão ficando em segundo plano, convertendo-se em murmúrio.

"A estrutura de 'Sum of Days' interrompe os limites definidos do espaço arquitetônico, permitindo uma experiência de imersão total, que deixa em suspense os parâmetros habituais de referência espacial conhecidos pelos visitantes", explicam os organizadores.

Outro elemento que será incluído, a partir dos primeiros dias de setembro, serão interpretações musicais dos compositores Lisa Bielawa e Philip Glass, além das atuações do saxofonista David Crowell e da violinista Carla Kihlstedt.

O conceito peculiar da obra obrigou a um fechamento temporário daquela parte do museu durante dois dias nesta semana, já que correntes de ar dentro do MoMA movimentavam a obra de tal forma que era impossível circular no interior da instalação.

A presença do trabalho de Carvalhosa demonstra que o MoMA "prossegue com seu legado de vanguarda privilegiando a arte na América Latina, uma característica do museu desde sua fundação", disse Pérez-Oramas.

"Também significa que estamos buscando cenários específicos, onde artistas incrivelmente interessantes estão produzindo; são muito conhecidos no próprio país, mas não para a audiência internacional", concluyó.

A soma dos dias" é um trabalho que tem muitos sentidos e que depende muito de quem o visita. O que esta obra faz é criar uma outra experiência de um lugar já conhecido - definiu Carvalhosa, recentemente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário